O processo de produção escrita necessita de um acompanhamento sistemático e de uma reflexão orientada. A atuação do professor é fundamental na condução do processo de aprendizagem: suas intervenções sistematizadas, durante e após a atividade de produção textual, favorecem ao aluno a compreensão do funcionamento da língua escrita. É necessário sempre estimular a escrita dos alunos, ainda que, inicialmente, esta não se dê nos padrões linguísticos convencionais. É preciso aproveitar as situações surgidas em sala de aula e criar outras.
É óbvio que crianças que vivem em grandes cidades, como os nossos alunos, estão, constantemente, expostas a materiais escritos, mas, com base em concepções mal compreendidas de diversos teóricos, passou-se a supor que bastaria que a criança convivesse com material de leitura, na vida, na cidade, na escola, para que, com mais facilidade, criasse hipóteses sobre leitura/escrita. Hoje, sabe-se que isto é necessário, mas não suficiente.
A leitura e a escrita com compreensão não acontecem espontaneamente; elas precisam ser ensinadas sistematicamente.
Para que nossos alunos se apropriem da leitura e da escrita, é necessário que entrem em contato com textos e que partam destes para chegar à análise de suas partes (parágrafos, palavras, sílabas e letras), percebendo, assim, as distinções estruturais existentes em nosso código linguístico.
No entanto, cada uma dessas partes deve ser remetida ao todo em situações significativas, para que tenham sentido para as crianças. Assim, as atividades de escrita são significativas quando planejadas com a finalidade de registrar ideias e fatos, ou pela necessidade de os alunos se comunicarem com alguém. Reiteramos, então, a importância de propiciar às nossas crianças situações em que conversem, compartilhem histórias, soltem a imaginação. O convívio prazeroso com situações de leitura e escrita contribuirá para a produção de textos.
Para aprender a escrever, é preciso entender para que se escreve e, também, como se escreve. Não necessariamente nossos alunos sabem utilizar as páginas e espaços do caderno. É preciso ensinar por onde se começa a escrever, o espaçamento entre palavras, a utilização de letras maiúsculas, a pontuação. Para que isto ocorra, é preciso que os alunos vejam como o professor escreve.
Propõe-se que sejam registradas, no blocão, em cartazes espalhados pela sala de aula, no próprio quadro de giz e nos murais, poesias, parlendas etc.
Escrevendo/lendo esses textos para a turma, o professor estará fornecendo informações essenciais: lemos e escrevemos da esquerda para a direita e do alto para baixo de cada folha. São informações que os alunos, muitas vezes, não têm. É importante que os alunos percebam, também, que Falar e Escrever são ações bem diferentes.
Quando fazemos referência ao nome de uma pessoa, por exemplo, se estamos escrevendo, precisamos usar letra maiúscula. Ao falar, claro que não há essa necessidade, apenas falamos. Em nossa fala, também, não fica demarcada a separação entre as palavras. Na escrita, ela é essencial. É preciso, quando se escreve, demarcar os espaços entre palavras e frases.
Por outro lado, a entonação usada pelo falante indica se ele está afirmando, perguntando algo etc. Na escrita, necessita-se do uso da pontuação. Estes e vários outros procedimentos distinguem a fala da escrita. A leitura do professor para a turma não fará os alunos organizarem estes conhecimentos.
Por isso, é necessário que o professor chame a atenção para os aspectos que caracterizam a língua escrita, problematizando as situações da língua. O aprendizado da escrita não ocorre de forma espontânea. Com a intervenção/mediação do professor, as crianças perceberão que o texto é constituído de palavras e aprenderão que as palavras são constituídas de partes menores, as letras, que são símbolos usados para grafar os sons da fala.
Os alunos devem perceber que não existe uma correspondência biunívoca entre o som, o fonema, e a sua representação escrita, o grafema. Devem tomar consciência, também, dos espaços no texto, descobrindo a necessidade de organizar as palavras e frases. Enfim, deverão aprender que essas são características do registro
escrito na nossa língua.
escrito na nossa língua.
Por isso, é muito importante a conscientização linguística dos alunos quanto às diferenças entre a língua oral e a língua escrita. É essencial conduzir os alunos a perceberem que a escrita expressa ideias, sentimentos ou informações, ou seja, tem um sentido e um propósito comunicativo, visando a um interlocutor. Ao escrever, utilizamos, sempre, algum gênero do discurso, devendo-se reforçar que o gênero é determinado pelo estilo, pelo conteúdo e pela finalidade comunicativa.
Cada gênero tem características próprias. Como já foi dito, há inúmeros gêneros textuais:
- anúncios,
- artigos,
- atas,
- avisos,
- convites,
- bilhetes,
- bulas de remédio,
- cartas,
- cardápios,
- cartas eletrônicas (e-mails),
- cartazes,
- comédias,
- contos de fadas,
- crônicas,
- editoriais,
- entrevistas,
- histórias,
- instruções de uso,
- letras de música,
- listas de compras,
- mensagens,
- notícias,
- piadas,
- outdoors,
- receitas culinárias,
- reportagens,
- telegramas,
- romances….
Dessa forma, os professores devem observar, nas Orientações Curriculares, que gêneros do discurso deverão abordar em cada ano de escolaridade.
A Língua Escrita nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. SME- 2014
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