Os problemas relacionados à leitura estão certamente entre os que mais preocupam os educadores, pois sem a capacidade leitora bem desenvolvida todas as outras atividades podem ficar comprometidas. Mas quais ações podem ser realizadas para que os alunos gostem de ler? Como ser uma escola leitora?
No segundo semestre do ano passado, em nossas reuniões semanais, conversamos muito sobre a falta de leitura e como isso afeta o desenvolvimento de nossas crianças. Também nos perguntamos como era nosso hábito de leitura na infância e na adolescência e como isso nos afetou? Como adquiríamos os livros? Líamos por prazer ou por obrigação?
Nas discussões que se seguiram a essas perguntas, a realidade constatada foi surpreendente. Na maioria das vezes, em nossa vida escolar, não líamos nada por prazer, apenas por obrigação. Passamos a ler por prazer apenas depois de “velhos”. Foi, então, que a luz amarela se acendeu. Será que estávamos fazendo o mesmo com nossos alunos? E a resposta foi clara, estávamos!
Antes, para retirar um livro, era preciso marcar horário, levar a carteirinha de estudante, assinar o registro de retirada e devolver a obra em no máximo uma semana. Se isso não ocorresse, havia cobrança em sala. Quem vai pegar um livro nessas condições precisa amar muito a leitura, ou tem que tirar nota sobre o assunto.
Para mudar essa triste realidade, resolvemos tirar os livros do “cofre”. Conversamos com os professores e os membros do Conselho Escolar, explicamos nossa intenção de disponibilizar as obras aos alunos, pais e funcionários. Fomos bem entendidos e apoiados. Então montamos bancas e varais de livros e os espalhamos por todos os espaços da escola: corredores, pátio, salas de aula e até mesmo banheiros. Hoje as obras ficam expostas e livres para retirada.
Também passamos nas salas para contar o que os “livros estavam fazendo naqueles espaços”. Falamos da importância do respeito aos colegas que ainda não leram e dos cuidados com os materiais de uso comum. E explicamos que, para retirar um livro, bastava avisar ao professor que estava com a turma. Reforçamos que o aluno não seria cobrado depois por aquela leitura, que ela não deveria ser feita por causa de nota, mas sim por conhecimento.
Outra forma de incentivar a leitura por prazer foi a criação de uma rotina de leitura dentro da escola. As quartas e sextas, alunos, professores, funcionários, diretor e coordenadora, todos escolhem seus livros ou revistas preferidas e param por no mínimo 20 minutos para ler. Eu e minha coordenadora também começamos a ir às salas de aula e ler para os alunos. Escolhemos obras do acervo disponível para eles, mas não as lemos por inteiro, apenas o início ou a parte curiosa da história para promover o título e incentivar a retirada.
Percebemos que a retirada de livros foi, e continua sendo, muito grande e que os alunos se interessaram pela leitura, tanto que muitos levam obras para ler para os irmãos mais novos. O que também nos deu muito ânimo foi perceber que os livros não estavam sendo estragados e que o acervo não diminuiu. Pelo contrário, aumentou, porque muitos pais doaram aqueles que tinham em casa. Muitos também relataram que os filhos começaram a ler as histórias para eles.
No dia a dia escolar, também percebemos que o trabalho realizado trouxe muitos frutos bons. A capacidade leitora da maioria dos alunos foi melhorada rapidamente e as produções textuais também foram incrementadas, com a ampliação do repertório de palavras. Outro aspecto que chamou nossa atenção foi a colaboração entre os estudantes, com aqueles que começaram a ler mais cedo incentivando os amigos a ler mais ou explicando palavras desconhecidas nos momentos de leitura. Isso nos encheu de orgulho, pois a inclusão daqueles com dificuldade foi realizada por seus próprios colegas.
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