20 junho 2014

Avaliação: professor dever ter coerência e olhar para todo o processo


Alunos da professora Dulcemar Therezo Esteves Martins, da CEMEJA Professor Dr. Andre Franco Montoro, em atividade.
Alunos realizam atividades na CEMEJA Professor Dr. Andre Franco Montoro
Um tema que nunca sai da pauta de discussões de uma escola é avaliação. Como saber se os alunos aprenderam o que foi ensinado? Qual o melhor instrumento para isso? Na EJA não é diferente.
Essa é uma discussão complexa. Não pretendo fazer aqui um tratado teórico e aprofundado, mas sim discutir dois pontos que acho essenciais para quem está no dia a dia da sala de aula.
O primeiro é a coerência. Colocando de uma maneira bem simples: não podemos avaliar o que não ensinamos. Isso parece óbvio, porém, ao analisar avaliações minhas e de alguns colegas, percebo que é muito comum escorregarmos nesse ponto.
Vamos imaginar a seguinte situação: um professor dá uma aula expositiva sobre a água, explicando sua fórmula química e suas propriedades. Na avaliação, que é feita na forma de uma prova escrita, o professor dá um texto sobre falta de água e propõe questões que exigem leitura e interpretação.
Reparem na incoerência: ensina termos e conceitos, avalia interpretação de texto. Apesar de estar tratando do mesmo assunto geral (nesse exemplo, água), existe uma discrepância muito grande entre o que esse professor ensina e o que avalia. Não seria estranho se os alunos tivessem mau desempenho, pois na realidade não foram ensinados!
Só porque o mesmo assunto geral foi tratado na aula e na avaliação não é garantia de que exista coerência. É preciso que a abordagem nesses dois momentos seja semelhante para que exista coerência. Por exemplo: se o professor aborda interpretação de textos na aula, deve haver interpretação de textos na sua avaliação.
Esse é só um exemplo de algo que vejo acontecer muito e contra o qual tenho de me policiar cotidianamente para não fazer também.
O segundo aspecto que julgo importante é encarar a avaliação como processo. Acho que o modelo de dar aulas durante o bimestre todo e fazer uma prova final como única forma de avaliação informa pouco sobre o desenvolvimento dos alunos. Muitos educadores sentem-se desconfortáveis com esse modelo, pois existe apenas um momento em que se olha para o desempenho dos estudantes. Nesse modelo, não é possível comparar o conhecimento dos estudantes antes e depois da intervenção do professor.
Muito mais adequado seria avaliar várias vezes o aluno ao longo das aulas. A meu ver, o professor deve criar situações para que os alunos executem a mesma tarefa mais de uma vez em contextos semelhantes (porém não idênticos) e observar como evoluem ao longo do tempo.
Nas turmas de EJA (onde sempre temos pouco tempo), isso significa avaliar duas ou três vezes os alunos num mesmo tipo de atividade. Um exemplo da área de Ciências: se a sua intenção é avaliar se os alunos encontram informações em um texto, você pode pedir que eles realizem essa tarefa em um texto sobre água, em outro sobre solo e em outro sobre ar. Analisando o desempenho dos alunos em cada momento, você pode planejar suas intervenções e verificar se, ao fim do processo, eles estão de fato realizando melhor a tarefa ou se serão necessárias outras intervenções.É claro que, dentro dessa visão, avaliação não é sinônimo de prova escrita. Existem muitas formas de avaliar. A tabela que acompanha esta matéria sobre avaliação no site NOVA ESCOLA é um bom começo para pensar sobre o assunto.
Na EJA existem muitos alunos com alfabetização recente e pouca familiaridade com a escrita. Por isso, é interessante averiguar a aprendizagem de conteúdos específicos das áreas (Geografia, História, Ciências) com modalidades de avaliação que dependam menos da escrita. Dessa forma, podemos separar quem não sabe determinado conteúdo de quem não sabe escrever sobre esse conteúdo.
E você, como costuma realizar a avaliação na sua turma? Já tinha pensado nessa questão da coerência? Compartilhe conosco nos comentários.
Fonte:Revista Nova Escola

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