02 maio 2020

LEITURA E RECONTO DE HISTÓRIAS




LEITURA PELO PROFESSOR E RECONTO PELAS CRIANÇAS -
ORIENTAÇÕES PARA O PLANEJAMENTO DO PROFESSOR

(...) A roda de leitura pelo professor e o reconto feito pelas próprias crianças são situações didáticas distintas, que contribuem para diferentes aprendizagens das crianças. Ao planejar, é importante observar algumas orientações didáticas. Veja a seguir:

1. ANTES DE LER
* Escolher um texto de boa qualidade literária, que ofereça um bom enredo que subsidie as crianças para as atividades de ouvir histórias lidas e que possa apoiar a atividade posterior de reconto;
* Antecipar como acontecerá o trabalho de leitura e reconto, planejando como fazê-lo, inclusive antecipando boas perguntas que podem ser feitas para que a turma pense acerca da história ouvida e das formas de recontá-la, apoiadas nas regras da narrativa da linguagem escrita (e não da oral);
* Comunicar e combinar com a turma as fases do trabalho de leitura e reconto que acontecerá posteriormente, antecipando o que será realizado e chamando as crianças a participação;

2. DURANTE A LEITURA
* Ler o texto na íntegra, sem interromper a leitura para mostrar as imagens: ela pode combinar com as crianças e mostrar as imagens antes ou depois de ler a história;
* É necessário que esta atividade de leitura envolva as crianças no enredo da história, na forma que a professora utiliza a língua para ler e dar significado a narrativa escolhida para o trabalho (de leitura e reconto);
3. DEPOIS DE LER
* Conversar com as crianças sobre a história ouvida: que parte da história mais gostaram, como podem reconhecer esta parte da história no livro, o que faz com que esta parte seja interessante, dentre outras perguntas;
* É importante que a professora seja orientada de que nem todas as crianças precisam falar nesta roda. As falas podem ser socializadas e problematizadas coletivamente;
* Esta conversa não deve se transformar numa checagem dos conteúdos da história como: enumerar nomes dos personagens, encadear corretamente os fatos, mas se constituir num momento prazeroso de troca de impressões sobre uma história ouvida através da leitura da professora.

Quanto à atividade de reconto, é interessante notar o papel que ela cumpre na apropriação da linguagem pela própria criança. A criança conta a história, mas, ao fazer isso, procurando recuperar o texto tal como aparece no livro, ela utiliza a linguagem escrita. Por esse motivo, a proposta do reconto tem valor em si e não necessita ser sempre seguida por um registro escrito (o ditado da história feito pela criança é importante porque promove outras aprendizagens, mas não substitui o reconto). Veja a seguir algumas orientações para o planejamento do reconto pela criança:

1. ANTES DO RECONTO
* Realizar leituras de histórias para as crianças de acordo com asorientações do texto acima e de preferência muita vezes;
* Antecipar perguntas que podem ser feitas as crianças que apóiem o reconto da história lida pela professora;
* Pensar em outros apoios ao reconto: o uso das imagens e textos do próprio livro pelas crianças, a participação de uma ou várias crianças no reconto, a chamada de atenção das crianças para os
marcadores da linguagem escrita presentes no texto, dentre outros.


2. DURANTE O RECONTO
* Retomar o texto com as crianças ( pode ser na sequência da roda após a leitura);
* Incentivar as crianças a retomarem oralmente o texto lido (pela memória);
* Verificar se uma ou mais crianças farão o percurso do reconto e, sem interromper a narrativa de cada criança, provocá-las a completarem suas idéias;
* Esta atividade não pode estender-se por muito tempo e pode ser repetida se a professora tiver a intenção de reescrever a história a partir da narrativa das crianças, atividade que mobiliza outros conhecimentos acerca da linguagem escrita;
* Para tematizar esta prática e poder entendê-la melhor, pode-se filmá-la ou gravá-la;

3. DEPOIS DO RECONTO
* Não há necessidade de escrever a história narrada pelas crianças, a não ser que a finalidade do reconte seja reescrever a história (com a professora como escriba);
* Repensar o papel da ilustração de trechos da história como apoio a atividade de reconto: como desenhar a história ajuda acriança a pensarem nos conteúdos da linguagem escrita?
* Rever ou ouvir com as crianças as gravações realizadas e compará-las com nova leitura do texto.



A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO DE LER E RECONTAR


Um dos principais objetivos da roda de histórias é construir familiaridade das crianças com os livros e a leitura. Por isso, a leitura em voz alta que é feita pelo professor na roda de história, é uma atividade permanente na rotina da educação infantil. A indicação dos livros favoritos também pode ocupar esse espaço, com periodicidade semanal, por exemplo, marcando o dia de emprestar e devolver os livros da biblioteca de sala. A organização de um painel coletivo é uma dica interessante para promover a troca de todas as crianças que participam da comunidade leitora daquela U.E. Já o reconto, pode ser proposto como parte de uma seqüência didática em que todas as crianças da turma possam se envolver com as histórias e se posicionar de diferentes maneiras, ora como ouvinte, ora como leitor. Pode, ainda, ser um projeto maior, envolvendo a produção de um encontro de leitores em diversas rodas o que vai exigir das crianças a resolução
de diversos problemas: a eleição dos livros favoritos da comunidade; a leitura e o estudo dos livros que serão recontados; a programação de convites, da programação e dos cartazes do evento etc. Todas essas atividades envolvem as crianças nas diferentes práticas da nossa língua.

A QUALIDADE DO MATERIAL GRÁFICO APRESENTADO ÀS
CRIANÇAS

É preciso cuidar do material que se vai expor ao grupo: o texto que é apresentado às crianças faz diferença na qualidade da leitura que elas poderão realizar. Como elas poderão antecipar significados a partir de imagens infantilizadas e empobrecidas que não ampliam o que vão aprender e, muitas vezes, reforçam enganos e idéias preconceituosas ou estereotipadas?
É importante escolher textos que possibilitem às crianças uma primeira leitura, antecipando-se ao professor. O professor pode decidir como usar os materiais que ele possui na escola. É possível, por exemplo:
* levantar os vários livros que tratam da mesma história;
* ler versões diferentes do mesmo conto justamente para notar a diferença de linguagem, para apreciar o texto bem escrito;
* fazer rodadas de leitura crítica, recomendando ou não os livros que a turma mais gosta para o restante da sala ou para outras crianças da escola.
Desse modo, ele vai ampliando suas expectativas de formação dos leitores de sua turma, criando contextos cada vez menos artificiais para essa instigante tarefa.
(Orientações Curriculares: expectativas de aprendizagens e orientações didaticas p. 89)

* fonte: Cadernos da Rede , PMSP

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