A concepção que os profissionais da Educação têm sobre a construção do conhecimento diferencia o projeto pedagógico de cada escola, assim como a maneira como os espaços disponíveis são utilizados. A organização do ambiente escolar reflete a “alma” da instituição e o compromisso com os estudantes. As paredes e demais elementos indicam: o aluno é um sujeito ativo e principal ator na produção e apropriação do conhecimento ou, pelo contrário, é um receptor passivo das informações.
Na escola em que trabalho, notei que as crianças estavam sempre enfileiradas e as salas de aula não comunicavam o que as crianças estavam aprendendo. Por isso, percebi a necessidade de discutir com os professores sobre o espaço destinado à aprendizagem. Observamos se as salas possuíam os seguintes aspectos:
- Disposição das carteiras de acordo com as estratégias de ensino;
- Cartazes que identificam as necessidades de aprendizagem da turma de acordo com os conteúdos trabalhados;
-Presença das produções dos alunos, de combinados e sistematizações de conteúdos;
- Cantinho garantido para cada disciplina do currículo de acordo com a necessidade de exposição.
Para tematizar o assunto, pesquisei imagens de salas de aulas afinadas com nossa proposta pedagógica, com diferentes agrupamentos das crianças, cartazes dos docentes, produções dos alunos e registros de sistematizações de ideias. Durante a discussão em uma reunião com professores, fiz questões como: O que este espaço está comunicando? Esta sala de aula é do aluno e para ele? Ele é sujeito deste local? Assim, pudemos refletir sobre como a organização contribui com o ensino e a aprendizagem e criar estratégias para que o ambiente se tornasse um aliado do docente.
No livro Quem Educa Quem?, de Fanny Abramovich, há uma entrevista muito interessante de Madalene Freire sobre esse tema: “Quando as crianças, no início do ano, entram na sua sala de aula, as paredes estão totalmente brancas… não há nada dependurado nelas, não existe nenhum material exposto, apenas o essencial para uma organização mínima: bancos e coisas assim… Então, começamos a habitar esse espaço, sentir o corpo atuando nele. Após as atividades desenvolvidas pelas crianças em função dos projetos didáticos e dos conteúdos estudados com eles… E aí, no final do ano, há um céu no teto, todo pintado ou cheio de recortes, mil coisas… Um vão minúsculo, na parede, foi descoberto, e está lá demonstrado, apontado… A sala tem e reflete tudo o que aconteceu durante o ano, nas aulas de Matemática, de Alfabetização, de informação sobre planetas, etc… Estão lá, em destaque, o quadro das descobertas feitas e o quadro das dúvidas levantadas, porque conhecer não é só saber… É duvidar! Desta relação, que é de vida, é que vai se criando e se habitando esse espaço”.
A organização da escola, não apenas da sala de aula, mas de todas as áreas, depende do que a gestão espera da aprendizagem dos estudantes. O coordenador pedagógico precisa estar sempre atento a isso, mas a parceria com toda a equipe é essencial. Discutir com os docentes pode ser o pontapé inicial para reflexões e mudanças que devem fazer parte do projeto político pedagógico da instituição, que deve ser do aluno, para o aluno e para toda a comunidade escolar.
E vocês, já refletiram com os professores sobre essa questão? O que revelam os espaços da escola em que você trabalha?
http://gestaoescolar.abril.com.br/
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