13 outubro 2014

Na orientação individual ao professor, o foco é a aprendizagem de cada criança


Durante os encontros com os professores, é fundamental garantir o foco na aprendizagem (Foto: Gabriela Portilho)
Durante os encontros com os professores, é fundamental garantir o foco na aprendizagem (Foto: Gabriela Portilho)
A cada dois meses, na formação em serviço dos professores, eu incluo um momento de orientação individual. Reservo duas semanas para esses encontros e agendo um horário com cada um dos educadores. Minha meta é auxiliá-los a analisar as aprendizagens das crianças, principalmente aquelas que estão aquém do grupo, e ajudá-los a planejar algumas intervenções pontuais ou buscar alternativas.
Vocês sabem que o tempo voa nas reuniões com a equipe docente. Imagine, então, nas conversas individuais, quando só temos uma hora para falar de todos os alunos. Por isso, é fundamental garantir o foco na aprendizagem e não cair na discussão sobre a vida pessoal, familiar ou social da criança. Por exemplo, quando um professor me diz: “O problema de fulano é que ele é muito desligado e não quer fazer as atividades. Eu preciso chamar a atenção dele o tempo todo”, costumo rebater perguntando: “O que ele já aprendeu nas suas aulas? O que você tem feito para que ele avance?”.
Essa postura me parece importante até para lembrar que o papel da escola é assegurar a aprendizagem dos alunos. Portanto, em vez de atribuir o desempenho ruim a fatores externos, vale olhar para a prática em sala.
Estudo de caso
Para exemplificar o que estou falando, vou contar o caso de uma criança que começou a frequentar a escola apenas na metade do 1º semestre deste ano, quando já tinha 5 anos. Nós havíamos feito algumas conquistas, mas, no retorno às aulas no 2º semestre, o menino estava a mil por hora: não fazia as atividades propostas, cutucava os colegas, saía da sala quando queria, pegava jogos e brinquedos na hora da história e por aí vai. Sua aprendizagem nos eixos de oralidade, leitura e escrita e matemática, estava bem aquém de seus colegas.
No encontro de orientação individual, combinei com a professora que o menino seria alvo de atenção constante e que ela deveria se aproximar dele, conversar e interagir mais. Ainda que no começo o menino não respondesse, a educadora deveria propor atividades típicas de quem está começando na Educação Infantil, como montar um quebra-cabeça de poucas peças, localizar seu nome entre outros dois, sempre valorizando as pequenas conquistas do pequeno.
Depois de alguns meses de esforços, percebemos que ele ainda não está com os mesmos saberes da turma, mas já começou a traçar algumas letras do nome, tem gostado de desenhar e aprendeu a montar quebra-cabeças. Diante desses êxitos, ficou claro para a professora que é preciso explicar as atividades diretamente para o menino e não apenas para o coletivo, como costumava fazer antes.
Essa experiência só confirma o fato de que, muitas vezes, é necessário buscar estratégias específicas para uma criança que apresenta dificuldades em algum conteúdo ou comportamento. E esse tipo de detalhe só pode receber atenção quando o professor tem um horário só para ele, separado dos colegas, e pode refletir sobre sua turma e elaborar alternativas em conjunto com o coordenador.http://gestaoescolar.abril.com.br/

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