O PODER DA PALAVRA
Se digo PÃO
e meu poema não convoca
aos famintos para a mesa,
é porque a palavra já não serve
e a poesia exige outra linguagem.
Se digo AMOR
e meu poema não provoca
uma tempestade de beijos e canções,
é porque a palavra perdeu sua magia
e a poesia deve buscar uma outra voz.
Se digo VIDA
e meu poema não reinventa
um amanhecer de luzes e primaveras,
é porque a palavra ficou sem deuses
e a poesia deve estar a serviço da humanidade.
Se digo LIBERDADE
e meu poema não revoluciona
a consciência dos sedentos de paz,
é porque a palavra deixou de ser instrumento
e a poesia está obrigada a mudar de poetas.
(Gilberto Ramírez Santacruz – Tradução do espanhol: Donizetti)
PAIS ERRANDO E FILHOS COPIANDO
A maior riqueza que um pai pode deixar para seus filhos é uma vida regada de bons exemplos. Pais são reflexos na vida dos filhos. Se o reflexo não for de coisas boas, não dá para exigir coisas boas mais tarde. Afirmo sem medo de generalizar: os erros dos pais tornam-se também erros nos filhos. Um pai que faz algo de ruim hoje está, de certa maneira, ensinando o seu filho a repetir os mesmos erros amanhã.
Toda criança aprende observando as pessoas mais próximas. É o chamado processo de socialização. Gestos frequentes são copiados como princípios de vida. A criança ainda não consegue distinguir o que lhe fará bem ou mal, por isso tem como primeiros “herois” o pai e a mãe. Enxergam nestes um ponto de apoio que lhes indicarão o melhor jeito de encarar a vida. Quando estes “herois” vivem uma vida fracassada, contribuem para que os filhos tenham o mesmo fim.
Acho perfeita a definição de Lou Marinoff no livro Pergunte a Platão (editora Record, 2008): “a criança precisa primeiro ser amada em casa e depois lutar no mundo”. É dentro de casa que a criança aprende a ser gente. São os pais que despertam nos filhos a importância de se sentir amado, aceito e acolhido pelas pessoas. Pais desligados para a vida criam filhos desligados para o amor.
Sinto falta de presenciar cenas em que os pais acariciam a cabeça dos seus filhos, beijam-lhes a face e dizem palavras de carinho aos seus ouvidos. Uma criança que não se percebe amada em casa fica carente. Pessoas carentes ficam vulneráveis demais. Quando crescem, não conseguem distinguir aquilo que lhe fará bem ou mal. Dizem que o mundo está cheio de péssimos exemplos. Até certo ponto é verdade. Mas também acho que em muitas casas se aprende os erros que mais tarde serão encenados nas ruas.
Se os pais cuidarem de si estarão ao mesmo tempo cuidando também dos filhos. Estamos cansados de criticar, castigar e retirar coisas das crianças para mudar-lhes o comportamento, mas sem resultados positivos. Um pai que não sabe se humanizar não consegue chegar até o coração das crianças. Humanizar-se é perceber sua fragilidade e voltar atrás quando perceber que errou. É chorar com o filho que chora. É contar-lhes histórias de superação. Enfim, um bom pai e uma boa mãe são aqueles que mesmo cheios de defeitos, lutam para passar para os filhos o melhor de si.
Paulo Franklin
Radialista, fotógrafo, palestrante, estudante de Direito e escritor.
Pais podem evitar más notas dos filhos
Com o início do ano letivo, começa também a preocupação dos pais com o desempenho dos filhos nos estudos. Lições de casa, provas, trabalhos, tudo pode se transformar em uma batalha, se alunos, pais e escolas não estiverem em sintonia. Para evitar notas baixas e surpresas desagradáveis no final do ano, como recuperação e repetência, especialistas afirmam que, antes de mais nada, os pais devem estar antenados ao que acontece na vida escolar das crianças.
Para Maria Ângela Barbato Carneiro, professora de educação da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), a primeira coisa a fazer é checar a agenda e os cadernos do filho diariamente. Lá, devem constar as lições a serem feitas e as datas de entrega. Além disso, muitas escolas usam esse material como canal de comunicação com os pais:
- Criar essa rotina de acompanhamento diário é muito importante para o aluno. Ele sente-se estimulado a estudar. E os pais devem estar sempre em contato com a escola.
Outra dica importante é estabelecer um horário e definir um lugar na casa apropriado para a criança estudar, seja uma escrivaninha ou a própria mesa da sala. É preciso criar uma disciplina. Mas para Silvia Gasparian Colello, professora de psicologia da educação da USP (Universidade de São Paulo), o início do ano não serve apenas para organizar fisicamente os estudos:
- Por meio de pequenas ações, como comprar o material escolar e estipular o horário para as tarefas, os pais conseguem mostrar aos filhos o quanto eles valorizam a vida escolar. Muitas crianças que vão mal na escola não têm estímulo em casa.
Segundo Silvia, a participação dos pais na vida escolar dos filhos deve ser diária. Mas ninguém precisa ficar ao lado da criança o tempo todo. Pelo contrário: o aluno precisa ter autonomia na hora de fazer o dever de casa.
- Os pais só devem interferir se a criança pedir ajuda. E mesmo assim, apenas para orientar. Jamais devem fazer a lição ou as pesquisas pelos filhos.
No entanto, é bom estar por perto. Perguntar e mostrar interesse por aquilo que a criança está aprendendo faz muita diferença. E checar se o filho fez a lição e os trabalhos também faz parte do papel dos pais. Além de conferir o andamento dos estudos, Maria Ângela acredita que essa atitude evita as artimanhas dos alunos para driblar os adultos.
- É muito comum ver alunos fazendo o famoso “corta e cola” da internet. Eles copiam textos inteiros sem nem saber o que estão fazendo.
Todo esse cuidado, além de evitar os sustos com os boletins, contribui para o futuro escolar dos pequenos. E deve começar já no ensino fundamental.
Segundo Silvia, “crianças até os dez anos estão na fase da curiosidade, querem aprender, são mais interessadas. É a hora de fazer com que elas se apaixonem pela escola”.
- Na pré-adolescência, a escola começa a perder lugar para as festinhas, os namoricos, as paqueras. Mas ainda terá papel importante para aquelas crianças que foram incentivadas pelos pais, que conseguem ver a escola como algo essencial para o futuro.
Outra ferramenta que pode ser usada para estimular os pequenos é oferecer atividades extras, como aulas de línguas, música, livros, revistas, passeios a museus, teatro e cinema, principalmente se esse material tiver relação com aquilo que a criança está aprendendo na escola. Para Silvia, essa ajuda é valiosa.
- Faz a maior diferença e é muito mais forte do que podemos imaginar. Uma criança que passa os finais de semana em frente à tevê, assistindo a programas de auditório, não apresenta a mesma curiosidade, o mesmo interesse do que aquelas que costumam fazer programas culturais com a família.
Mas Maria Ângela afirma que, para ter resultado, "é fundamental que esses estímulos não sejam impostos":
- É preciso despertar a curiosidade da criança, explicando antes de ir a um museu, por exemplo, o que ela vai ver. É preciso contextualizar o passeio.
Passado o Carnaval, agora é colocar essas dicas em prática e aguardar o boletim das crianças recheado com notas azuis.
Fonte: R7
(Publicado pelo Boletim BisNotícias, do SINEP/MG)
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